Metodologia
Para uma melhor operacionalização da pesquisa foram distribuídas atividades e responsabilidades entre a equipe, em função de três eixos relacionados ao tipo de fontes a serem utilizadas na pesquisa, quais sejam a história oral, a iconografia e os documentos textuais.
Tais fontes requerem atividades específicas para o seu tratamento, mais ainda quando se coloca como objetivo a constituição de acervos seja de depoimentos orais seja de iconografias. Dessa forma, levando em conta o interesse e a experiência já adquirida de cada pesquisador, a equipe ficou distribuída em subgrupos para um melhor desenvolvimento da pesquisa.
A História Oral, nesse projeto, colocou-se como fonte para a própria pesquisa, além da constituição de um acervo de depoimentos orais, acessível a outros pesquisadores. Tal proposta implicou uma série de atividades específicas, quais sejam: seleção de depoentes, contatos com os depoentes, pesquisa biográfica, elaboração de roteiro, realização de entrevista, cópia das fitas gravadas, transcrição, conferência de fidelidade, elaboração de sumários das entrevistas e de perfis biográficos dos depoentes.
Assim, nesse subgrupo ficaram a pesquisadora Anna Beatriz de Sá Almeida, do Departamento de Pesquisa, da Casa de Oswaldo Cruz, com experiência na utilização da metodologia de História Oral, e Laurinda Rosa Maciel, responsável pelo subsetor de Arquivos Sonoros, do Departamento de Arquivo e Documentação, da Casa de Oswaldo Cruz, cuja finalidade é identificar, organizar, preservar e disponibilizar acervos de depoimentos orais.
A seleção dos depoentes, feita a partir de indicação do consultor do projeto, Eduardo Maranhão, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), procurou contemplar o conjunto de aspectos referentes à poliomielite: epidemiologia, saúde pública, virologia, vacina, controle de meio ambiente, neurologia, pediatria, ortopedia, imunização, comunicação social, bem como a atuação do GT-pólio, do Programa Nacional de Imunização e do Rotary Club. Como a relação de entrevistados foi bem maior do que estava previsto inicialmente, foi necessária a participação também da pesquisadora Dilene Raimundo do Nascimento e do bolsista de aperfeiçoamento Ives Mauro Júnior, nas várias etapas da atividade.
Tratou-se, no caso, de entrevistas de história de vida tematizada e percebeu-se que, para o conjunto desses profissionais, a história da poliomielite inicia na década de 1970, com o Plano Nacional de Controle da Poliomielite, implementado pelo Ministério da Saúde, em 1971.
No que se refere à iconografia, também uma fonte importante para o fazer história, foi realizado um levantamento e análise do material iconográfico (fotografias e cartazes) referente à poliomielite, cujas imagens serviram de suporte para a reformulação da exposição Um mundo sem pólio, bem como utilizadas como fontes e ilustração nos textos produzidos pela equipe. Além disso, foi constituído um banco de imagens – Polimagem – para ser consultado por outros pesquisadores, que requereu uma série de atividades específicas, qual seja: pesquisa de imagens, seleção, reprodução fotográfica, identificação, digitalização, organização e divulgação do acervo.
Com essa responsabilidade ficaram a pesquisadora Ângela de Araújo Pôrto, com experiência acumulada em curadoria de exposições, inclusive a co-autoria, junto com Dilene Raimundo do Nascimento, da exposição Um mundo sem pólio , e Maria de Lourdes Vasques da Silva, responsável pelo subsetor de Arquivo Iconográfico, do Departamento de Arquivo, da Casa de Oswaldo Cruz, cuja finalidade é classificar, organizar, preservar e divulgar acervos iconográficos da instituição. Aqui tivemos a participação da bolsista PIBIC Ana Carolina Pereira de Oliveira, com a tarefa de realizar os fichamentos das imagens, orientada por Maria de Lourdes Vasques da Silva e Ângela de Araújo Pôrto. Para as atividades de reprodução fotográfica e digitalização de imagens, contamos com a colaboração de Roberto Jesus Oscar e Vinícius Pequeno, fotógrafos da Casa de Oswaldo Cruz. A construção do Banco de Imagens contou também com o trabalho de Lísia Guimarães que, atuando como consultora de informática, colaborou na sua elaboração e sua execução.
Quanto aos documentos textuais, o subgrupo ficou responsável pela análise da bibliografia e fontes escritas sobre a história da poliomielite, o conhecimento científico acerca da mesma e as políticas de saúde voltadas para a doença. As atividades não são específicas como nos subgrupos anteriores e, sim, são comuns a quaisquer projetos de pesquisa na área de história da saúde que utilize referências bibliográficas e fontes escritas. De um lado, a análise de documentos textuais deu suporte à pesquisa iconográfica e oral, de outro, os conteúdos que se pesquisou em cada subgrupo não são compartimentados, integraram-se no todo do que se quis estudar.
Com a responsabilidade desse eixo operacional ficaram os pesquisadores Dilene Raimundo do Nascimento, do Departamento de Pesquisa da Casa de Oswaldo Cruz, com tese e acumulada produção no campo de história das doenças, e André Luiz Vieira de Campos, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e da Universidade Federal Fluminense, com tese em história de políticas de saúde e pesquisas desenvolvidas em história das doenças.
O levantamento bibliográfico foi realizado pela auxiliar de pesquisa Alinnie Silvestre Moreira em bibliotecas que guardam obras relacionadas ao tema, tais como: ENSP, Manguinhos, Academia Nacional de Medicina, Centro de Ciências da Saúde/UFRJ e Instituto de Neurologia Deolindo Couto/UFRJ. Foi feito o levantamento na Biblioteca Bireme, via Internet, e na Biblioteca Virtual de Saúde, que disponibiliza obras relacionadas à saúde em toda a América Latina. O bolsista do Programa de Aperfeiçoamento em Pesquisa (PAP) Ives Mauro Júnior realizou levantamento de fontes nos acervos Fundo Fundação Serviços Especiais de Saúde Pública (FSESP) e Fundo Pessoal Cláudio do Amaral, pertencentes ao Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz, assim como foram levantados e xerocopiados todos os artigos que tematizam a poliomielite, na Revista Brasil Rotário, publicação do Rotary Clube do Brasil, do período de abril de 1985 a abril de 2001.
Na Biblioteca Nacional fez-se o reconhecimento de material em periódicos de jornais, com o intuito de recuperar matérias jornalísticas sobre as epidemias de poliomielite ocorridas na primeira metade do século XX, assim como o debate científico e político acerca da doença nesse período. Este levantamento foi feito pelas bolsistas PIBIC Fernanda Lima Barreto e Tamara Rangel Vieira, orientadas pelo pesquisador André Luiz Vieira de Campos, na Universidade Federal Fluminense.
Vários dos entrevistados pelo projeto doaram documentos textuais de seu acervo particular e, aproveitando a oportunidade de realização de entrevistas para o projeto, em Brasília, foram feitos levantamentos nas bibliotecas da FUNASA, da Organização Pan-Americana de Saúde e do Congresso Nacional.
Todo o levantamento bibliográfico e de fontes foi processado com elaboração de fichas de referência bibliográfica e inseridas em um banco de dados da base ISIS, pela auxiliar de pesquisa Alinnie Silvestre Moreira. Esse banco deverá ser sempre alimentado, à medida que surja alguma nova obra. Essa atividade contou também com a participação da bolsista PIBIC Danielle Sanches de Almeida, orientada pela pesquisadora Dilene Raimundo do Nascimento.