Resenha Biográfica
Sumário das Entrevistas
Ficha Técnica

 



 

 

 

Resenha Biográfica

Cláudio do Amaral Júnior nasceu em Araraquara, São Paulo, em outubro de 1934. Seu pai era contador e, dentre seus clientes, estava o médico italiano Giuseppe Alfiero, escolhido para ser seu padrinho, e que muito o influenciou. Cláudio do Amaral veio para o Rio de Janeiro e se inscreveu na Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, concluindo a graduação em medicina no ano de 1967. Seu estágio final de curso foi realizado no Hospital Fratelli Vitae, em Milão, Itália.

Ainda em 1967, iniciou sua vida pro. ssional trabalhando na Campanha de Erradicação da Varíola (CEV), coordenando-a no Maranhão, além de organizar os ser viços de saúde do estado. Em 1969, ingressou na Fundação SESP e, no ano seguinte, coordenou a CEV, em vários outros estados, tais como Pernambuco, Rio de Janeiro e Paraná. Foi o último coordenador nacional da Campanha de Erradicação da Varíola e assistiu aos últimos casos da doença no Rio de Janeiro, além de preparar a documentação para a certificação da erradicação em todo o território nacional. O sucesso da Campanha de Erradicação da Varíola, segundo ele, foi fundamental como modelo para a poliomielite.

Claúdio do Amaral também teve importantes experiências de trabalho fora do Brasil. Foi consultor da OMS na Índia, de 1973 a 1976, atuando no controle de doenças transmissíveis, e no período de 1976 a 1980 trabalhou na Etiópia, onde presenciou os últimos casos de varíola no mundo. De volta ao Brasil, em 1981, dirigiu o Departamento de Epidemiologia da Fundação SESP, participando da coordenação nacional da vacinação contra a pólio, o sarampo e a tuberculose. Em 1983, foi diretor-geral do Departamento de Epidemiologia e Controle de Doenças da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, no primeiro governo de Leonel Brizola.

Em 1988, foi assessor do ministro da Saúde para o Programa Nacional de Imunizações (PNI)e participou, com a OPAS, da elaboração do projeto de erradicação da pólio no país, utilizando a experiência adquirida com a varíola. Além disso, trabalhou em programas de prevenção da cólera, hepatite e dengue, em vários estados. Atualmente presta assessoria a diversas instituições.

 

 

 

 

Sumário das Entrevistas

Fita 1 Lado A

Comentários sobre sua origem familiar e infância;longo relato sobre a convivência com o padrinho Giuseppe Alfiiero, médico italiano;considerações sobre o hábito de acompanhar as atividades profissionais do padrinho;comentários acerca da sua paixão pelo cinema;sua formação escolar;comentário sobre o primário no Colégio Progresso de Araraquara e as lembranças da Irmã Querubina;longas recordações do colégio interno em Jaú, São Paulo, de padres belgas premonstratenses:a rotina e as regras do colégio, o convívio com os padres e irmãos, as disputas entre os alunos, as dificuldades de aprendizagem;recordações sobre o científico no colégio Liceu Pasteur em São Paulo, com características mais liberais.

Fita 1 Lado B

A opção pela medicina e a ligação afetiva com o padrinho Giuseppe Alfiero e sua esposa;o Curso di Túlio, preparatório para o vestibular de Medicina;a viagem para a Bélgica com estada na abadia de Averbody, à qual eram ligados os padres premonstratenses;a passagem pelo colégio Duque de Caxias e o curso de Tiro de Guerra;as lembranças da segunda esposa do padrinho Alfiero;o contato com pessoas recém-chegadas do Rio de Janeiro;o Teatro Brasileiro de Comédia, o Teatro Opinião e as influências de um mundo cultural diferente;o trabalho como inspetor de alunos no Liceu Pasteur;a vinda para o Rio de Janeiro afim de cursar medicina.

Fita 2 Lado A

A convivência com os amigos e a mudança para a casa da tia materna em Niterói;o sítio em Itaboraí doado pelo tio e a plantação de laranjas;a aprovação no vestibular para medicina na Universidade do Brasil (atual UFRJ)e na UFF, em 1962;a escolha pela UFF e o início do curso em 1963;o momento político vivido e sua intensa atuação nas atividades do DCE;as escolhas partidárias e o sanitarismo como opção política na saúde pública;a participação nas campanhas para a erradicação da varíola, poliomielite e sarampo;a coordenação da Campanha de Controle da Hepatite B no Amazonas;a discordância da política de centralização da Organização Mundial da Saúde (OMS)e o apoio da Fiocruz; considerações sobre a Fundação SESP; retomada dos comentários sobre a vida estudantil e a atuação política na universidade com a vice-presidência do DCE; o golpe militar de 1964 e sua participação dentro da Ação Popular (AP).

Fita 2 Lado B

A militância política no meio acadêmico; o episódio conhecido como “A revolta das barcas ” em Niterói, e sua importância como aprendizado de mobilização de massa;a importância de se erradicar uma doença como prática política;a influência do Manifesto Comunista, de Karl Marx, em sua formação política; sua visão do epidemiologista como uma espécie de “policial ” da saúde;o movimento estudantil e a luta política contra a ditadura instaurada em 1964 no país; sua eleição para a presidência do DCE no quinto ano do Curso de Medicina e sua radicalização política;a influência do DCE na escolha de Barreto Neto como reitor da UFF, durante a ditadura militar.

Fita 3 Lado A

A situação política dentro da Universidade e as negociações para a construção da sede do DCE;comentários sobre sua profissão e a importância de erradicar doenças;a estratégia da erradicação a partir de campanhas e a crítica ao modelo de vacinação de casa em casa;referências a Eduardo Costa e Arlindo Fábio de Sousa;considerações sobre a prática de saúde pública;breve comentário sobre a política dita de direita dentro da Fiocruz;referência a João Baptista Risi Júnior e ao material do SNI;comentário sobre a mobilização em massa para as campanhas de vacinação da pólio e do sarampo.

Fita 3 Lado B

A especialização em medicina sanitária e a trajetória da formação de um sanitarista;considerações sobre a vacinação nos postos de saúde;a experiência da varíola como modelo para erradicar a poliomielite;referência à sua participação na erradicação da varíola e da pólio;o processo de erradicação de doenças e o papel da escola;as mobilizações de massa para vacinação;menção à nova estratégia de vigilância epidemiológica do grupo do Rio Grande do Sul, na década de 1970; referência a Nilo Chaves de Brito Bastos e as primeiras vacinações contra a pólio; considerações sobre a ENSP e a Fundação SESP;comentários sobre Itamara Meilman e o Hospital Jesus;referência a Roberto Becker.

Fita 4 Lado A

Comentários sobre as unidades de vigilância epidemiológica montadas para a varíola e utilizadas na poliomielite;a escolha da pólio como doença a ser erradicada e como questão de saúde pública na década de 1970;a chegada da vacina nos anos 60 e o começo do estudo e treinamento de pessoal na Fundação SESP;comentário sobre a ausência de institutos nacionais produtores da vacina contra a pólio;considerações sobre a Fiocruz e a busca de auto-suficiência na produção de imunobiológicos;a estratégia brasileira de erradicação da pólio; o último caso de varíola no Brasil, em 1971, e o processo de erradicação na Ásia e na África;o trabalho na Índia e na Etiópia e os últimos casos de varíola no mundo;a estruturação da campanha da pólio na década de 1980 e o trabalho com Albert Sabin;comentários sobre a relação entre técnicos do Ministério da Saúde e Albert Sabin;menção a João Baptista Risi Júnior, Fernando Gomes e Waldir Arcoverde, ministro da Saúde; as divergências em relação aos dados estatísticos relativos à pólio;considerações acerca das vacinas Salk e Sabin;relato sobre o seu trabalho como assessor da OPAS e da OMS;a estratégia de erradicação da poliomielite no Brasil como modelo para os demais países;a sua volta ao Brasil e a estruturação da campanha de erradicação da pólio no Amazonas.

Fita 4 Lado B

Continuação dos comentários sobre sua volta ao Brasil e o trabalho com a equipe de epidemiologia da Fundação SESP; referência a Orlando Pirajá, Fernando Gomes e João Baptista Risi Júnior; menção a Mozart de Abreu e Lima e ao grupo contrário à campanha da pólio; as transformações das unidades de vigilância epidemiológica da varíola em unidades polivalentes;a experiência positiva da vacinação combinada (varíola e sarampo)em 1969 e 1970 com Olivier Pereira, de São Paulo;retomada da questão da sua volta ao Brasil em 1980 e a implantação da campanha de vacinação contra a pólio;a opção pela vacina oral; considerações sobre a campanha e seu papel transformador.

Fita 5 Lado A

Continuação das considerações sobre a campanha e seu papel transformador;os Dias Nacionais de Vacinação e o papel da escola;referências a Arnaldo Buzato e à campanha da pólio no Paraná;o trabalho como secretário de Saúde do Estado do Rio de Janeiro no Governo Brizola e sua ida para o Ministério da Saúde;o planejamento da campanha da erradicação da poliomielite na Fundação SESP e o início da campanha nacional;a coordenação da campanha no Amazonas, Pará, Amapá e Rondônia;menção ao trabalho junto com Rosa Pimon, educadora de São Paulo;referência às campanhas de vacinação e ao planejamento em todos os níveis;sua atuação na coordenação das campanhas como diretor nacional de Epidemiologia;a oposição inicial do estado de São Paulo à campanha da pólio e a iniciativa do Amazonas; considerações sobre a erradicação da pólio e o apoio dos estados;comentários sobre a Fundação SESP e o interesse em sua transferência para Brasília;considerações ao trabalho do Sistema Único de Saúde (SUS), ao fim do Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS)e à fusão da Fundação SESP com a Superintendência das Campanhas (SUCAM);retomada da questão da transferência dos programas de epidemiologia da Fundação SESP para o Ministério da Saúde e o posicionamento de João Baptista Risi Júnior e Fernando Gomes.

Fita 5 Lado B

Continuação da abordagem à transferência dos programas de epidemiologia da Fundação SESP para o Ministério da Saúde;a coordenação nacional da vacinação contra a pólio e a estrutura nos estados;referência a Eduardo Maranhão, Fernando Laender e Maria Cristina Pedreira na organização dos cursos de pólio e de vigilância epidemiológica nos estados e no Brasil.

Fita 6 Lado A

Considerações sobre o seu trabalho na Epidemiologia da Fundação SESP;referência a Eduardo Maranhão, Fernando Laender e Maria Cristina Pedreira e o trabalho na Fundação SESP;menção ao trabalho conjunto da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP)e da Fundação SESP;a transferência dos programas ligados à epidemiologia da Fundação SESP para Brasília e o caso do programa de vacinação contra a raiva;considerações sobre sua ida para o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), nos Estados Unidos, para obter esclarecimentos sobre a AIDS, e a posterior estruturação da Comissão de Controle da AIDS no Estado do Rio de Janeiro; referência ao seu trabalho na Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro; menção ao INAMPS e ao fim da Fundação SESP e da SUCAM;referência ao papel da Fundação SESP como instituição pública;menção à multivacinação no Rio de Janeiro;comentários sobre Albert Sabin e a vacinação contra o sarampo no Rio de Janeiro.

Fita 6 Lado B

Continuação dos comentários sobre a vacinação de sarampo no Rio de Janeiro; a comissão de controle da AIDS no Rio de Janeiro e a questão dos bancos de sangue;considerações sobre as ações de saúde nos municípios do Rio de Janeiro;a estruturação e organização do projeto da rubéola em seis capitais brasileiras junto com o Instituto Evandro Chagas do Pará e a Fundação SESP;considerações sobre sua ida para o Ministério da Saúde:o PNI e a vigilância da pólio;considerações sobre o último caso nacional de poliomielite, em 1989, na Paraíba; comentários sobre a campanha de vacinação contra a hepatite B no Brasil.

Fita 7 Lado A

Continuação dos comentários sobre a campanha de vacinação contra a hepatite B e a estruturação da vigilância nacional; considerações sobre o longo trabalho na Comissão Nacional do Controle das Hepatites Virais;referência ao processo de compra da vacina contra a hepatite e o repasse de tecnologia;retomada da questão da fusão entre a SUCAM e a Fundação SESP na criação da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA);considerações sobre os processos de compra de vacina e o papel da OPAS;comentários sobre as atividades como presidente da Comissão de Licitação do Ministério da Saúde;menção ao ministro da Saúde Alceni Guerra;considerações sobre a estruturação do combate à cólera.

Fita 7 Lado B

Continuação das considerações sobre a estruturação do combate à cólera e sua experiência na Índia;referência ao ministro da Saúde Adib Jatene e o convite para trabalhar com a cólera;o trabalho no combate à cólera, em especial a coordenação do projeto no Nordeste e o saneamento básico em nível nacional.

Fita 8 Lado A

Considerações sobre a estratégia de controle da pólio e a participação de Albert Sabin;menção às divergências em relação aos dados estatísticos sobre a pólio; a chegada ao Brasil em 1980 para trabalhar com a poliomielite;referência à importância da estrutura da varíola para a pólio;considerações sobre a estratégia de cobertura vacinal e o papel das escolas;a campanha de vacinação brasileira como modelo para outros países;considerações sobre a estruturação da vacinação contra a poliomielite e o GT-Pólio.

Fita 8 Lado B

Menção ao trabalho com Rosa Pimon, educadora de São Paulo;considerações sobre o trabalho de campo;referência à Campanha de Vacinação e aos Dias Nacionais;a resistência paulista a fazer campanha de vacinação;comentários sobre Mozart de Abreu e Lima e o grupo do Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS);menção à importância do símbolo Zé Gotinha na conscientização da vacinação; crítica aos postos de saúde como modelo americano e referência às unidades sanitárias da Índia;referência ao papel mobilizador das campanhas no Brasil; comentários sobre as unidades sanitárias e a importância da dedicação exclusiva à saúde pública.

Fita 9 Lado A

Continuação dos comentários sobre a importância da figura do Zé Gotinha; considerações sobre o rompimento de Albert Sabin com o ministro da Saúde;a volta de Albert Sabin ao Brasil, nos anos 80, a seu convite e de Eduardo Costa, para trabalhar com sarampo;considerações sobre o trabalho com Albert Sabin na erradicação da poliomielite e o último caso no Brasil, em 1989;comentários sobre a epidemiologia no país e a Fundação SESP;considerações sobre a coordenação nacional das campanhas de erradicação;retomada dos comentários sobre a coordenação da poliomielite e a transferência dos programas da Fundação SESP para o Ministério da Saúde;a epidemiologia nacional dentro da SNABS;considerações sobre a Campanha de Vacinação contra a Poliomielite;comentário sobre a interação entre o grupo da ENSP e da Fundação SESP;referência ao cargo de Secretário de Saúde do Rio de Janeiro.

Fita 9 Lado B

Comentários sobre o trabalho como secretário de Saúde do Rio de Janeiro e o problema com os bancos de sangue; continuação das considerações sobre a questão da campanha de vacinação do sarampo e da pólio no estado do Rio; referência à participação da primeiradama, Neuza Brizola, e das esposas dos prefeitos do Estado na campanha de vacinação;reflexão sobre a descentralização dos serviços de saúde;o papel da OPAS na erradicação da pólio nas Américas; considerações sobre o trabalho no Ministério da Saúde e o controle da hepatite.

Fita 10 Lado A

Continuação dos comentários sobre o grupo que trabalhou com a hepatite; considerações sobre a Presidência da Comissão Nacional de Hepatite e a coordenação da campanha da pólio;comentários sobre as atividades no GT-Pólio; breve menção ao repasse de recursos do Rotary para a OPAS;considerações sobre flexibilidade administrativa e vigilância epidemiológica;comentários sobre o processo de certificação da erradicação da poliomielite;referência ao trabalho, em 1990, com a Japan International Cooperation Agency (JICA)e o curso sobre pólio em Kumamoto, Japão;menção a uma licitação para a compra de seringas;considerações sobre a ida à China e a produção de medicamentos usando a artemisina;comentários sobre o retorno da epidemiologia para a FUNASA.

Fita 10 Lado B

Continuação dos comentários sobre a transferência da epidemiologia para a FUNASA;comentários sobre a auto-suficiência em vacinas no Brasil;considerações sobre a presidência da Comissão de Licitação e a questão da fabricação e da compra de vacinas;referência a Edmundo Juarez;considerações sobre a atuação na FUNASA e a reestruturação com a Epidemiologia;o CENEPI, os projetos de erradicação do Aedes Aeg ypti e a busca de auto-suficiência na gestão do ministro da Saúde Adib Jatene.

Fita 11 Lado A

Considerações sobre o processo de erradicação de doenças;referência à rede montada para as campanhas de vacinação e o trabalho com a cólera;comentários sobre as instituições brasileiras de saúde pública;considerações sobre as redes pública e privada de saúde no Brasil.

 

 

 

 

Ficha Técnica

Entrevista: Anna Beatriz de Sá Almeida e Laurinda Rosa Maciel
Transcrição: Marcello Cappucci Frisoni
Conferência de Fidelidade: Anna Beatriz de Sá Almeida e Laurinda Rosa Maciel
Sumário: Gissele Viana Carvalho e Anna Beatriz de Sá Almeida
Resenha Biográfica: Laurinda Rosa Maciel
Número de Fitas: 11
Tempo de Gravação: 10h
Local: Niterói, RJ
Data: 1/6/2001, 13/7/2001, 19/7/2001 e 27/9/2001