Resenha Biográfica
Helvécio Bueno nasceu em maio de 1953, em São Gotardo, interior de Minas Gerais. Quando tinha seis anos de idade, sua família mudou-se para Belo Horizonte, onde estudou no Colégio Municipal até a preparação para o vestibular. Desde criança era fascinado pela área científica, e na adolescência, com seu primeiro salário, comprou um microscópio. Assim, a medicina foi uma opção natural e de verdadeira vocação.
Graduou-se em Medicina em 1978, na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília, que oferecia uma formação com enfoque social, e fez Residência em Psiquiatria Clínica, no Hospital das Forças Armadas de Brasília. Durante dois anos atuou no atendimento clínico psiquiátrico.
Entre 1980 e 1986, fez especialização em Psicoterapia Infantil, foi médico sanitarista em Taguatinga, Distrito Federal, atuou na descentralização do Programa de Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis, dirigiu o Centro de Saúde de Taguatinga e foi vice-diretor do Hospital Regional da mesma cidade. Fez o I Curso Internacional sobre Erradicação da Poliomielite, na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP). Em 1984, fez especialização em Saúde Pública, no Centro Universitário de Brasília.
Entre 1986 e 1989, atuou como técnico e coordenador do Grupo Técnico para Erradicação da Pólio (GT-Pólio), sendo o responsável pela implementação da erradicação da poliomielite em nível nacional. Posteriormente, trabalhou como assessor na Secretaria de Saúde do Distrito Federal e atuou como consultor de curto prazo da OPAS, desenvolvendo atividades de apoio ao PAI e à Vigilância Epidemiológica das Doenças Imunopreveníveis, principalmente para a erradicação da poliomielite no Peru.
A partir de 1992, dedicou-se ao trabalho com DST/AIDS, e foi chefe da Unidade de Controle de Doenças Sexualmente Transmissíveis, do Ministério da Saúde. É médico sanitarista e docente na Secretaria de Estado de Saúde Pública do Distrito Federal, membro de várias sociedades profissionais, tais como a Associação Médica Brasileira e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), além de ser autor de várias publicações na área de doenças sexualmente transmissíveis e epidemiologia.

Sumário das Entrevistas
Fita 1 Lado A
Considerações acerca da infância em São Gotardo, interior de Minas Gerais;a transferência da família para Lagoa Santa e, em seguida, para Belo Horizonte;sua formação escolar;considerações acerca do trabalho do pai como gerente de armazéns;considerações acerca do método empregado pela mãe na alfabetização de crianças;a formação profissional da mãe como bibliotecária e escritora de livros infantis;influência da família na escolha da profissão de médico;o primeiro trabalho, aos 11 anos, num escritório de engenharia;o estímulo dos irmãos mais velhos para estudar ciências;a formação de uma visão mais social do trabalho médico;influência da atuação estudantil dos irmãos mais velhos nesta formação; conjuntura política nacional no final da década de 1960;a escolha pela UnB;a deterioração da perspectiva de medicina social dentro da Universidade no início da década de 1970;o interesse por pediatria e as dificuldades encontradas;o trabalho no Hospital de Sobradinho; a escolha pela psiquiatria e o trabalho com a psiquiatria infantil;o abandono da psiquiatria e o início do trabalho com Saúde Pública;considerações acerca da formação dos sanitaristas e de sua falta de especialização na área;a atuação como sanitarista no serviço público; considerações sobre o trabalho no Centro de Saúde de Taguatinga:a relação com a população, a falta de remédios e as condições de trabalho;o atendimento clínico no Centro de Saúde de referência em doenças sexualmente transmissíveis; a gestão como diretor do Centro de Saúde;a nova administração do Hospital de Taguatinga e o cargo de vice-diretor; os problemas na administração e sua transferência para o Departamento de Saúde Pública;o trabalho com Milton Menezes no GT-Pólio;a participação e a relevância do Curso Internacional de Erradicação da Poliomielite na ENSP.
Fita 1 Lado B
Considerações sobre os demais profissionais que realizaram o curso na ENSP;a instrumentalização do trabalho com os profissionais do curso em Petrópolis;a aplicação das técnicas aprendidas com o curso no Ministério da Saúde;o trabalho de notificação dos casos de paralisia para investigação dos casos de poliomielite;a equipe de profissionais de Brasília; o trabalho de irradiação e aplicação das técnicas de combate e investigação da poliomielite;considerações sobre o trabalho desenvolvido pela equipe;o trabalho com Ciro de Quadros;a divulgação da campanha e a produção de manuais aplicados no combate à poliomielite;a criação do personagem Zé Gotinha e revistas em quadrinho sobre a vacina;considerações sobre o aprendizado do trabalho na prática cotidiana;a assessoria de profissionais especializados;Hermann Schatzmayr e a coordenação do trabalho no laboratório;a troca de informações com os demais estados do país;os cursos de capacitação para a atuação no combate à poliomielite pelos estados e municípios;consideração sobre as mudanças na estrutura do Ministério da Saúde e os reflexos no GT-Pólio;o trabalho como coordenador do grupo;a mudança de nome para Grupo de Trabalho para Erradicação da Pólio;a saída de profissionais com a mudança do grupo;a falta de estrutura do novo grupo;a organização do novo grupo;o estágio de profissionais dos estados no Ministério da Saúde;considerações sobre a nova forma de trabalho que se estabeleceu;a supervisão cruzada nos estados;o recrutamento de novos profissionais para a equipe;o contato com Lúcia Helena Oliveira no PNI; a indicação de Maria Cristina Pedreira; a captação de profissionais junto à SUCAM;as reuniões com o Technical Advisory Group (TAG);o acompanhamento da situação nos demais países;as reuniões nacionais para integração da campanha;a participação dos coordenadores de vacinação;a abrangência dos cursos e sua participação como coordenador;o trabalho de campo nos hospitais;a observação dos prontuários;considerações sobre a importância das atividades de Robin Biellik no Brasil.
Fita 2 Lado A
A pesquisa da vacina oral antipólio junto a Peter Patriarca, da OMS;o trabalho na investigação científica da vacina oral; a notifi. cação do último caso de poliomielite no Brasil, em março de 1989;a certificação da erradicação da poliomielite em 1994;a saída de João Baptista Risi Júnior da SNABS;a mudança no Ministério da Saúde;o questionamento das atribuições do grupo;a pressão para que o grupo assumisse outras responsabilidades;a nomeação de Cláudio do Amaral para coordenador do GT-Pólio; o pedido de demissão e a ressonância no grupo;a vinculação contratual no Ministério da Saúde;a permanência do grupo no cuidado com a poliomielite;o papel de Ciro de Quadros e de Robin
Biellik na permanência da estrutura e da atribuição do grupo;as questões políticas e de interesses pessoais que envolvem a saúde pública no Brasil;considerações acerca da experiência de trabalhar com a poliomielite;a relevância social de combater a pólio;a participação do Rotary Club do Brasil no combate à doença;a criação, na instituição, de dias nacionais de luta pela erradicação;a participação de outros colaboradores, como a Fiocruz e universidades;considerações sobre a importância do embasamento acadêmico e do apoio técnico destes colaboradores para o trabalho desenvolvido no Ministério da Saúde;considerações sobre o compromisso e o envolvimento dos técnicos, médicos e colaboradores no Programa para Erradicação da Poliomielite; o trabalho estatístico de Joaquim Valente;o curso de inquérito de cobertura vacinal em Olinda;a criação dos Dias Nacionais de Vacinação;a questão da pólio e da vacina oral como facilitadoras do processo de imunização;as Campanhas de Vacinação e sua manutenção;a “Operação Varredura ” contra o vírus da pólio;a manutenção das Campanhas de Vacinação contra a Poliomielite após a erradicação;o trabalho como consultor da OPAS no Peru na questão da pólio: a vacinação casa a casa;as condições de trabalho e as peculiaridades da saúde pública.
Fita 2 Lado B
Continuação das observações sobre o trabalho no Peru:a discriminação contra os indígenas, a vacinação nas populações mais carentes, aspectos da cultura e a experiência do trabalho;o último caso de pólio das Américas;o trabalho na Fundação Nacional de Saúde (FUNASA): a coordenação e criação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde, o Programa Nacional de Parteiras e a manutenção do Programa de Agentes Comunitários;a administração do ministro da Saúde Adib Jatene;os contatos com Lair Guerra;as pressões familiares e as dificuldades junto à Secretaria de Saúde de Brasília para permanecer no cargo no Peru;o convite de Lair Guerra para trabalhar no Brasil;o convênio com o Banco Mundial para trabalhar DST no Brasil;a criação do grupo DST/AIDS;a coordenação do grupo;o trabalho com Fábio Moherdaui;o concurso para oficial de saúde do Unicef;o trabalho com mortalidade infantil pelo Unicef;a importância e a organização de “salas de situação ” nos municípios de Pernambuco, Paraíba e Alagoas;o fim do contrato com o Unicef e o retorno para o trabalho na Secretaria de Saúde;o novo convite de Lair Guerra e o trabalho como coordenador de DST/AIDS;o Centro de Recepção e Triagem da Secretaria de Saúde de São Paulo;a questão dos medicamentos anti-retrovirais;o grupo de consenso e a discussão sobre as normas de tratamento dos medicamentos contra AIDS para o Brasil;o curso de logística na John Snow;a discussão pela normatização da distribuição de medicamentos aos pacientes nos municípios e os conflitos com a CEME;a avaliação do impacto dos medicamentos anti-retrovirais nos pacientes.
Fita 3 Lado A
Considerações sobre a falta de pessoal no Ministério da Saúde;a freqüente incidência de profissionais emprestados; a cooperação com as ONGs;a atuação das ONGs como força de reivindicação; considerações sobre o acesso ao remédio nas instituições públicas;o direito da população de ter acesso ao medicamento;a garantia do direito aos remédios para AIDS e o papel das ONGs nessa conquista;a distribuição de medicamentos no Brasil;o exemplo do Rio Grande do Norte e de São Paulo no controle dos almoxarifados;a experiência de trabalho com doenças de relevante impacto social;o combate à transmissão da AIDS de mãe para filho;o acidente de Lair Guerra e sua substituição;a falta de motivação após a saída de Lair;as intempéries do trabalho em direção e coordenação;a vontade de realizar o mestrado e lecionar;os acertos para o mestrado na Inglaterra;o convite de Álvaro Machado para trabalhar na montagem da equipe da Secretaria de Políticas Públicas;a desistência do mestrado e o cargo de diretor do Departamento de Avaliação das Políticas de Saúde;o trabalho no cargo e a incorporação das decisões pelo ministro Albuquerque;a coordenação dos conteúdos da home page do Ministério da Saúde;a coordenação da Rede Nacional de Informações em Saúde (RNIS); considerações sobre o trabalho com a RNIS a nível nacional;a coordenação da rede pelo Ministério da Saúde;o fórum com as instituições que lidam com informação em saúde;o acesso às informações em saúde como meio de avaliar o trabalho desenvolvido pelo Ministério; a organização e avaliação das políticas do Ministério;o Projeto de Acreditação Hospitalar;menção a João Yunes e à reformulação do Departamento de Avaliação.
Fita 3 Lado B
A saída de João Yunes da Secretaria de Políticas Públicas;as dificuldades em desenvolver o trabalho proposto e a saída da Secretaria de Políticas Públicas;o projeto do Cartão Nacional de Saúde;a mudança de ministro e o novo projeto; a volta para a Secretaria de Saúde do Distrito Federal;considerações sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido como fruto da experiência no Ministério da Saúde;o trabalho com a “Sala de Situação ”;a perspectiva de construção de uma Faculdade de Medicina na Secretaria de Saúde de Brasília;a aprovação em concurso como docente na área de epidemiologia;o convite para o mestrado na área de informação e epidemiologia na UnB;a metodologia de aprendizado baseada em problemas e suas aplicações pelo Brasil;a reformulação dos conceitos tradicionais de educação e sua aplicação na formulação da Faculdade de Medicina por meio dessa nova metodologia;a organização dos módulos da Faculdade;o início da pesquisa no mestrado;a orientação de Maurício Gomes Pereira;o trabalho no Banco Central na época da Universidade;o trabalho no corpo de médicos do Banco Central, após a saída do GT-Pólio;a transferência para a sede do Banco Central em São Paulo;a demissão com o convite para ir ao Peru;considerações sobre as experiências de trabalho com a pólio e sobre as pessoas com quem teve oportunidade de conviver.

Ficha Técnica
Entrevista: Dilene Raimundo do Nascimento e Laurinda Rosa Maciel
Transcrição: Marcello Cappucci Frisoni
Conferência de Fidelidade: Gissele Viana Carvalho
Sumário: Daiana Crús Chagas e Dilene Raimundo do Nascimento
Resenha Biográfica: Laurinda Rosa Maciel
Número de Fitas: 3
Tempo de Gravação: 2h50min
Local: Brasília, DF
Data: 19/6/2001
 
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